10 de jun. de 2013

A P E L O



APELO - Francisca Batista

Oh, meu senhor governante
veja quanta insensatez
parece  até heresia
o leite de cada dia
agora é a bola da vez

Ao senhor que é o mais mandante
peço: pare, pense um instante
em nossa população
da criança ao ancião

Com uma medida provisória
acabe com essa história
do leite contaminado
ali no supermercado
ao alcance de qualquer mão

Talvez pra sua excelência 
isto lhe cause estranheza
o leite que lhe é servido
vem da mais pura holandesa

Premiada na Expointer
vaca nobre, cria ao pé
sai destas tetas sagradas
o leite pro seu café

Nós outros do andar de baixo
resta que Deus nos acuda
pois para sua excelência
somos a raia miúda

que por ser mais exigente
MARIANTONIETAMENTE
tomem leite desnatado
formol, média, xixi
isso daí é leite aditivado

Pois só olhe mais uma vez
além de apelo, um aviso
abra os olhos, olhe ao redor
desate logo esse nó
e faça o que for preciso

Sem alarde, sem comoção
logo mais tem eleição
e se o ajuste de contas
não foi o que era esperado

Paciência sua excelência
a competência falhou
ou o leite azedou
ou então foi derramado

A sugestão era usar a mesma temática do  poema APELO de Carlos Drummond de Andrade e criar o próprio apelo, a partir de um tema escolhido. A linguagem devia ser exageradamente apelativa para a  causa abordada.( Diego Petrarca – Oficina de Literatura – Região Cristal – Clube de Mães do Cristal)

Um comentário:

Ida Franco disse...

Francisca parece
Cora Coralina
simples, forte
franciscamente pontual
tem a essência das coisas na pele
e asas
grandes asas para voar.

Ida Franco