9 de dez. de 2009

A ARTE PERTENCE A TODOS!!

O encerramento das minhas oficinas, ocorrido no dia 18 de novembro de 2009 na Associação dos Servidores da Cia. CARRIS, foi demais marcante para mim, assim como espero que tenha sido para cada aluna que participou ativamente das oficinas, bem como a todos que se envolveram seja assistindo as apresentações ou seja somente trabalhando com a produção para que estas fossem realizadas.

Pude aprender no decorrer da execução deste projeto muitas experiências que se somaram para a minha vida, em especial para a minha existência como ser humana. Foi muito satisfatório que meus objetivos se concretizaram. A tamanha euforia e ansiedade que estavam minhas alunas momentos antes da apresentação demonstrava o quanto estavam envolvidas com a situação a qual era um comprometimento que haviam assumido e estavam cumprindo, ao finalizar uma grande alegria tomou conta, reluzava a sensação de terem dado o melhor que podiam naquele momento e eu sabia que era verdadeiro.

Fiquei muito feliz em ver a magia da dança contagiar os corpos das crianças e jovens que dançavam e despertar a curiosidade e imaginação da platéia que assistia, fazendo transpor todas as manifestações dualistas comuns na cotidianidade da nossa “cultura” e trazendo à tona o princípio da TOTALIDADE, já citado no princípio do Século XX por Martha Graham (norte-americana pioneira da Dança Moderna) quando este compõe um dos princípios da sua técnica.

Para mim, a arte tem o potencial para unir as “culturas” e apontar caminhos que são simples de serem seguidos mas difíceis de serem encontrados quando nos deixamos levar pela banalidade e superficialidade tão honradas pela modernidade dos tempos.

Constatei mais uma vez que a dança tem um forte poder terapêutico por ter como principal elemento de trabalho o corpo humano, e aqui dou ênfase para o conceito de trabalho (Paul Virilio), “QUE CAUSA TRANSFORMAÇÃO”. A constante concentração no corpo durante a dança faz com que altere a percepção não só da auto-imagem como de todo o resto que nos cerca (relações sociais e com o meio ambiente), viabilizando uma visão mais humanista do Universo.

O foco que visei ao formalizar as oficinas foi fazer com que cada pessoa se sentisse valorizada, compreendendo a sua importância, desenvolvendo a autonomia com responsabilidade, ou seja, firmando a identidade, e isto significa muitas vezes penetrar nos arquétipos do inconsciente humano e adentrar o desconhecido que está oculto.

A educação e sobretudo a arte, considero serem elementos inseparáveis que possuem um papel fundamental neste processo, por isto é um direito de todos os cidadãos, neste sentido, quero comunicar a importância que atribuo à “DESCENTRALIZAÇÃO DA CULTURA”, pois de uma maneira bastante eficaz objetiva a difusão da arte e educação para nossa sociedade de forma muito democrática, entendendo o potencial libertador que estes proporcionam e com isto a melhoria da qualidade de vida e preservação do UNIVERSO.

Ao terminar as oficinas, tive como conclusão que as situações que aparentemente são conflitantes para mim, oficineira, ganham um novo sentido quando vistas com outros olhos, ou seja, quando há o respeito humano, que permite a valorização e entendimento do que ocorre em cada contexto local onde acontecem as aulas.

Senti que rejeitar estas dificuldades e querer impor somente minha forma de pensar e agir, vem somente a agravar o distanciamento entre oficineiro e oficinando, prejudicando o ensino/aprendizagem. Creio que se me entregar a tais realidades “culturais” como participante autêntica destas, é que poderei compreender o caráter humano, resgatando o que para mim se perdeu na sociedade atual em que vivemos, o respeito, o carinho e o amor.

Venho há muito tempo fazendo este trabalho comigo mesma, não defendo meu ponto de vista como o único e verdadeiro, apenas me refiro a um jeito que encontrei que me trás satisfação e cumpre os objetivos que busco, no entanto, vejo este caminho como inacabável, pois sempre há novas conquistas, novas aprendizagens, novas descobertas, afinal, sou um ser humano que é maleável e que se renova a cada instante da vida.

Diante desta perspectiva, da maleabilidade, da fluidez e da impermanência da matéria, considero o “processo” das oficinas algo muito importante e a “mostra final”, uma conseqüência deste processo. É através do caminho percorrido conscientemente que se chega a resultados frutíferos, produtivos e perseverantes.

Para finalizar, gostaria de relatar um acontecimento que achei maravilhoso e que me deixou muito feliz, o qual resume e exemplifica tudo o que escrevi acima:

Uma menina, minha aluna, que se apresentou na “Mostra Final”, segundo a diretora da escola de classe social por demais baixa, acolhida muito pequena por esta escola “como um bichinho acuado”, nas palavras desta, levou sua mãe nas três apresentações realizadas durante a oficina, chegando sempre bem antes para acompanhar a filha em toda a preparação (vestimenta de figurino, arrumação do cabelo), e fazendo questão de falar comigo dando elogios ao ver a filha e as colegas se envolverem com a dança.

São nestes pequenos e intensos acontecimentos que o poder da arte se replica e meu dever é criar situações para que isto ocorra. Na “Mostra Final” que participei (região do Partenon), observei um grande momento criativo que abraçou as pessoas presentes que apreciavam curiosamente a programação do evento.


A ARTE PERTENCE A TODOS E DEVE SER SENTIDA, POR ISTO É ÚNICA PARA CADA UM, DO CONTRÁRIO, NÃO HÁ PALAVRAS PARA EXPLICÁ-LA...


MARILICE BASTOS – OFICINEIRA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MARINA MARTINS DE SOUZA

23 de nov. de 2009

MOSTRA OFICINAS DO CENTRO


Hip Hop - Batalha de B.boys - Edson Ferraz




Capoeira - Adélia Kervalt / Didi



Foto - Paula Biazus


Dança Ballet - Elizabete Santos
Malabares - Renata Nascimento

Abertura da Revista


Dança Ballet - Grupo Experimental - Alexandre Rittman

Oficina Musica de Percussão - Simone Conceição

7 de nov. de 2009

Amavtron na Bienal


Olá, aqui quem "tecla" é a professora Luisa Gabriela, oficineira de Artes Visuais na Cruzeiro.

Venho contar sobre as turmas das oficinas de Artes Visuais e Fotografia na Lata da Associação dos Moradores da Vila Tronco Neves( http://www.amavtron.com.br/), na Cruzeiro, que estiveram visitando à mostra Desenho das Idéias da 7ª Bienal de Artes do Mercosul.

As crianças e os adolescentes gostaram muito do passeio, puderam ver obras desde as mais conceituais até aquelas mais estéticas. O trabalho do Walmor Corrêa chamou a atenção pelos detalhe dos animais construídos e pelos cadernos bem acabados. Os trabalhos do artista chinês Yun-Fei Ji chamou a atenção pelas histórias e as tradições chinesas que mostravam, além da beleza das imagens.
Para ver mais sobre os artistas acesse http://www.bienalmercosul.art.br/

Vimos diferentes idéias de desenho, bem como conhecemos (pois para muitos era sua primeira vez) o Museu de Artes do Rio Grande do Sul - MARGS, espaço cultural público que deve ser acessado por toda a população.

Como oficineira da descentralização da cultura fiquei muito contente de ver as crianças motivadas em sair para descobrir coisas novas. Além disso, pude perceber que, após esse passeio, muitos alunos que já haviam desistido de frequentar as minhas aulas retornaram e com muito mais interesse. Foi muito gratificante!

Quando eu era criança, cada visita à uma exposição me modificava. Eu saia transformada e essa transformação pela arte me fez e faz ser uma pessoa melhor.
É sempre esse meu objetivo. Acho que funcionou com as crianças!

Todos ao Museu, ele é de todos nós!

31 de out. de 2009

CONVITE


CONVITE PARA APRESENTAÇÃO DAS OFICINAS
DE DANÇA CONTEMPORÂNEA DA PROFESSORA
MARILICE BASTOS NO LANÇAMENTO DA REVISTA DE 40 ANOS DA ESCOLA.
Local: Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Marina Martins de Souza
Endereço: Rua Sarg. Expedicionário Geraldo Santana, s/n, Porto Alegre, RS - Bairro Jardim Bento Gonçalves
Dia: 07 de novembro (sábado)
Horário: Turno da manhã (a partir das 10 horas, início da comemoração)

26 de out. de 2009

O ser oficineiro

Muitas vezes a gente se cansa, leva material,
repassa conteúdos,os alunos faltam...
Mas tudo é recompensado em momentos como este.
Quero compartilhar pois isto representa o nosso trabalho.

Renata Poliseni - Comunicação comunitária


20 de out. de 2009

Aula de percepção corporal (massagear uns aos outros partes do corpo) - DANÇA CONTEMPORÂNEA

Esta aula teve como principal objetivo ampliar a percepção corporal e desenvolver a capacidade de concentração. Através deste trabalho mais uma vez pude constatar a dificuldade das pessoas para concentrarem-se no próprio corpo, e como podemos ver nas fotos abaixo, desde uma idade precoce.

Comparo este fato com uma "fuga", fuga do encontro com si mesmo. Ao tocar os corpos, percebi a tensão que acompanha a grande maioria, uma espécie de medo da entrega, da soltura, do conforto, do carinho e do amor. Há resistência ao "toque" corporal, ou seja, ao sentir verdadeiramente, percebendo os detalhes, já o "contato" físico acontece seguidamente e muitas vezes com uma conotação agressiva. Constato que nossa "cultura" é por demais repressora, entendemos que ao assumirmos a posição ortostática, assumimos personalidades que subdividem o "eu", fragmentando-o, e como consequência fantasiamos ser super-humanos, logo, imortais.

Estar ao solo, totalmente entregue à ele, comumente há resistência por parte dos alunos e alunas, pois remete aos sentimentos que muitas vezes tornaram-se inconscientes e que indicam o quanto também somos sensíveis e mortais. Ao observar a atividade ser realizada, pude verificar gestos, tensões musculares e vocalizes que naturalmente vinham à tona, os quais me pareciam indicar timidez e querer dizer: tenho que disfarçar, fingir que não estou gostando de receber o toque, tenho que conter meus sentimentos... Mas ao mesmo tempo no decorrer, foi havendo um silêncio, uma paz, olhos começaram a se fechar acompanhando o deleite do corpo ao chão e com isto uma certa confiança teve início a ser gerada, indicando que novos princípios estão próximos, basta estarmos sempre atentos, "percebendo" cada instante da vida, fazendo desta uma eterna dança.

Marilice Bastos -oficineira de Dança Contemporânea

Aula de percepção corporal (massagear uns aos outros) - OFICINEIRA MARILICE BASTOS