Enternecedora
é a vida - Carminha Braga
Ao
saírem daquele lugar santo, após a triste e melancólica despedida, daquela que
era sua mãe: fria e alva como nunca viram, retrato de uma vida sofrida e
patética. As duas meninas andam em direção à saída com uma dor impossível de
descrever, ao mesmo tempo com certo alívio, pois terminavam nesse momento mais
uma fase de suas vidas. Pareciam libertas de um cativeiro.
Tristes,
porém livres.
Nada
mais se dizima, olhavam-se e sorriam, sorriso da alma. Quando avistaram um
bonde a nove pontos, foi então que Marina puxou Marília e numa cumplicidade
inexplicável, levantaram suas mãos com gestos frenéticos e alegres, temendo que
o bonde não parasse. O condutor parou, elas subiram, abraçadas, seus olhos
fixos e brilhantes na janela dianteira do semovente.
Deixavam
a tristeza, o cativeiro, e com a ingenuidade que só pertencia
a elas, sonham com a incerteza de uma nova vida, mais intensa e digna.
O exercício era adaptar um fragmento
escolhido após a leitura e comentário do texto Balada das Meninas de Botafogo
um poema narrativo de Vinícius de Moraes. O objetivo era criar uma história
nova a partir do fragmento (Diego Petrarca - oficina de Literatura Vila dos Pescadores - Região Sul).
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