14 de out. de 2013

CARTA AO PAI



Dinâmica: O personagem escreve uma carta ao seu pai antecedido de um mantra


Carta ao Pai - Nádia Baldissera

Remetente: Ubaldo Picollino Castracani
Destinatário: Humberto Castracani
Rua dos Ventos,n.1
Vila Flores do Prata- RS

Um   ba ba um   bal um ba lum   ba ba do um ba

                                  Pai:
Ao longo destes anos, tenho pensado muito na nossa relação tumultuada e sofrida. Cheguei a conclusão de que somos iguais de gênio, estourados ao extremo, mas de pensamento destoamos, por estes motivos é que batemos de frente a cada encontro. As ofensas que trocamos não se apagam facilmente, as mágoas estão se acumulando, formam feridas que não cicatrizam, que purgam a cada crise. Não sabemos conviver como pai e filho e o diálogo não aparece em cena, é como um casamento mal sucedido, não discutimos a relação.
 
Esta animosidade estúpida me deixa ainda mais nervoso, nem a gagueira consigo amenizar e isto influi por demais em todos os aspectos de minha vida.   Sua maneira de ver o mundo parou no tempo, acomodou-se ao sistema que suga a maioria das pessoas,  eu não aceito e luto contra.  Mesmo formado estudo muito, procura estar bem preparado, minha profissão é ensinar, quero ver sempre além e ter a cabeça aberta para aprender mais e mais. Quando tiver meus filhos, vou respeitá-los, serei amigo e paciente orientador e parceiro, terei sabedoria para amar.

   Confesso, que a cada encontro, renovo as esperanças na expectativa de que tudo correrá bem, mas acabo por lamentar em ver seu esforço sobrenatural ao manter um equilíbrio forçado e isto demonstra que os sentimentos entre nós não estão em ordem, estão sim disfarçados numa eterna expressão enrustida.
Sinto falta de você pai, do pai que poderia ter sido. Quem sabe um dia jogamos fora este peso e falamos a respeito,  acredito que só assim teremos chance de nos entender. Seríamos mais felizes, não acha pai?
   Um abraço do seu filho. 

   Ubaldo Picollino Castracani

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