Pensar em dança remete aos primórdios do ser humano, quando este a descobriu com a finalidade de simplesmente abandonar-se ao infinito e sentir-se de fato parte do Universo. A dança existe em nosso meio como manifestação artística, ou como forma de divertimento ou cerimônia.
Não se necessita aprender passos elaborados e/ou codificados para se dançar, nem mesmo ter-se performances corporais excelentes para experimentarmos a dança, mas basta a entrega e deixar nos envolver por ela seja sozinhos, ou no coletivo.
A dança como forma educacional é repleta de desafios que em sintonia integra educador e educando num caminho bastante interessante de descobertas no ensino/aprendizagem. Hoje em dia é bastante comum pessoas adultas ou da terceira idade procurarem aulas questionando se existe dança para estas faixas etárias e se elas irão conseguir dançar, visto que a compreensão da dança em nossa sociedade ainda é marcada com referência principal no Balé Clássico, dança comumente, pela tradição de nossa “cultura”, ensinada às crianças (geralmente meninas) desde pequenas. Outra referência atual são as danças de caráter acrobático e/ou performático mostradas na mídia televisiva transmitindo a idéia de serem estas as danças que são válidas ou reconhecidas, inabilitando qualquer outra possibilidade.
É normal os alunos e alunas de amplas faixas etárias que passam a frequentar as aulas, inicialmente apresentarem percepção corporal, expressão corporal e sensação de ritmo pouco agusada. Boa parte destes fatos são atribuídos a vida cotidiana através de nossos valores “culturais”, ou seja, o que determinamos como hábitos para sobrevivência e o que consideramos adequado e motivador para vivermos a vida.
Pouco a pouco com a frequência nas aulas, o corpo dos alunos e alunas torna-se um “instrumento afinado” e passa a tornar-se prazeroso brincar e jogar com ele, assim como entrar em sintonia com o corpo dos colegas durante uma prática, é como organizar as conexões a fim de liberar o corpo e espírito para o êxtase que a dança proporciona. A partir de então, a criatividade e a liberdade são experimentadas conscientemente por um ser humano que afirma sua identidade, e a compreensão da essência da dança passa a ser transmitida e replicada de maneira simples e potencializada.
Marilice Bastos.
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