22 de jul. de 2013

O Espelho



Dinâmica de criação: Objeto narrador.


O Espelho

Desde a monarquia reis e rainhas postam-sediante de mim para ensaios e quadros famosos. Estou em castelos medievais ou em humildes residenciais, em bolsas de grife. Vejo alegrias e tristezas em todos os olhares, olha para mim na espera de alguma resposta. De dia sou cinzento, à noite as luzes formam ao meu redor um círculo mágico. Até hoje sou do tamanho e formas variadas, de materiais singelos ou sofisticados cristais venezianos. Quem se vê em mim são: mistérios infindáveis, um recolher de desabafos, cessar de lágrimas, calar de lamentos, acender de esperanças, arrependimentos e excitações. Sou motivo de espanto, desejos, prazeres e beleza, gosto de despir casais como fruta madura, posicionando-me acima de uma cama de motel.

Dizem que a beleza é fundamental: eu também acho. Em mina frente que todos se expõem. Tudo isso sou eu. Um olhar de espaço e tempo e teu reflexo ficou perdido no meu rosto.

Iara Bauer
Oficina de Literatura - vila dos Pescadores
Oficineiro Diego Petrarca



Dinâmica de criação: Devolver perguntas ao texto. O  texto foi escolhido pela aluna. As perguntas devem ser poéticas, sem uma resposta objetiva, mas sugerindo uma reflexão.


Quanto aprendeu o papel aceitando tantas letrinhas?
A bagagem do viajante segue na estação ou segue viajando?
Quanto cura a claridade da poesia?
Aquele que não crê nos mistério da vida sabe guardar um segredo?
Qual o elo invisível entre o imaginário e  a lei?
Como cumprir  a sina das horas numa estrada torta? 
Os sapatos são como as serpentes, andam no chão?
Os frutos da minha árvore espargiram sementes, agora a sementinha sou eu?
Por que não se degusta o vinagre em cálice?
Por que quando achatados ficamos enormes?
Quem disse que o veneno não e divino na cura?
Quem usa o silêncio e ouve o barulho da alma é sábio ou mudo?
Se eu não tivesse pés como seriam meus passos?

Ida Franco
Oficina de Literatura – Cristal
Oficineiro Diego Petrarca

11 de jul. de 2013

Meninas Cristalizadas



Proposta de criação - Narrar uma breve história usando um objeto como narrador.
Objeto: Açúcar

Meninas  Cristalizadas - Maria do Carmo Braga 

Domigo à tarde. Naquele belo jardim de um antigo castelo inglês.
Como de costume, todos estão sentados a minha volta esperando um por um a sua vez. Ouço o tilintar das colheres nos pires, talvez nas xícaras, não posso ter certeza pois aqui me encolho neste açucareiro de porcelana, sofro pois sinto que minha hora está chegando. Indício de extinção ou a eternidade, tão perfeito sou! Branco, a ponto de brilhar ao toque dos raios de sol, sou granulado, mas também posso me apresentar em pequenos quadrados, com sabor doce e leve que, ao derreter naquele chá quente me transformei. Não sofro mais.

Trabalho da Oficina de literatura, Clube de Mães do Cristal – Região Cristal – oficineiro Diego Petrarca

DESFECHO DIFERENTE



Balada das duas mocinhas de Botafogo - Vinicius de Moraes

Fragmento escolhido:



Ter duas filhas assim

Que nada tendo a ofertar

Em troca de uma saída

Dão tudo o que tem aos homens



Desfecho diferente - Nádia Baldisserra


Faltava-lhe orgulho
Por ter filhas tão pervertidas
Em caminhos desmedidos
Atiravam-se na vida desiludidas.
Sem ver uma saída
A ilusão se perdia.
Quando então
Lá em um belo dia
Marina e Marília olharam-se
Deram o grito de alforria!
Pelas ruas caminharam
Com suas cabeças erguidas.
Os sonhos já não eram findos.
Acordaram! 
Por onde passavam
As luzes acendiam
Viram na luta o poder
De preencher todos os vazios.
Este foi o reinício 
De Marina e de Marília


Trabalho da Oficina de literatura, Vila dos Pescadores – Região Sul – oficineiro Diego Petrarcaa

3 de jul. de 2013

FESTA JUNINA OFICINA CAPOEIRA + ONG SOLIDARIEDADE



Abaixo fotos da Festa Junina realizada no dia 27/06/13 passado, pelo grupo da oficina de Capoeira que acontece na Região Cristal.
O Iniciativa aconteceu através de um trabalho de parceria da oficina de Capoeira da Descentralização/SMC, oficineira Profª Maíra Lopes de Araújo-"Janaína" e ONG Solidariedade, Coord. Geral Sergio Amaral, e contou com a participação e apoio de colaboradores voluntários e oficinandos.












A P E L O




A sugestão era usar a mesma temática do  poema APELO de Carlos Drummond de Andrade e criar o próprio apelo, a partir de um tema escolhido. A linguagem devia ser exageradamente apelativa para a  causa abordada. Oficina de literatura – Clube de Mães do Cristal – Região Cristal – Ofic. Diego Petrarca

APELO – Silvia Agnes 

Aquele Deputado maroto
escapou de lombo liso
eram gravações não autorizadas
ai que beleza, aqui é o paraíso!

alçando os píncaros da picaretagem
talvez o grau máximo de danação
existe mesmo algo tão surreal
como o malfadado mensalão?

primeiro só dor de barriga
depois revelou-se enorme diarreia
eis que o inocente leite de caixinha
vem batizado 10% de ureia

 licença pra construir um Porto Alegre
só se pagar propina tem licença
pra Secretaria Municipal de Obras
e quem disse que crime não compensa?

C A S A




Dinâmica de  criação: Criar um texto curto co as indicações citadas em aula, perceber que vai se compondo uma narrativa sem saber o que exatamente se está contando. A narrativa acontece a partir do improviso da escrita. Oficina de literatura – Vila dos Pescadores – Região Sul – Ofic. Diego Petrarca


Casa - Helena Braga

Chaleria. Chora no fogo vermelho. Tudo estranho. Toca a campainha. Desço escadas. Vou até a beira do rio. Sinto o vento e penso: o amor só não basta.
Vento frio.
- Ei, estou aqui.
-Onde?
Gritaria. Eu ainda te amo.